Porto Maravilha tem circuito histórico que celebra herança dos negros no Rio

 

Uma das boas consequências das obras do Porto Maravilha foi a revelação de escavações arqueológicas que trouxeram à tona a importância daquela região para entender o processo de Diáspora Africana e a formação da sociedade brasileira na cidade que foi até os anos 1960 capital do país.

Os achados arqueológicos motivaram a criação de um Grupo de Trabalho do Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana. O objetivo foi propor políticas de valorização da memória e de proteção deste patrimônio cultural. O Decreto Municipal 34.804 de 2011 indicou seis grandes pontos de interesse que servem para entender melhor como era a vida dos africanos naquela região.

Foto: Alexandre Macieira | Riotur

Foto: Alexandre Macieira | Riotur

O primeiro ponto é o Cais do Valongo e da Imperatriz, que representa a chegada ao Brasil. Ele foi estabelecido em 1811, época na qual os ingleses já começavam a perseguir os navios negreiros e o desembarque foi deslocado para esta área, mais reservada. O novo cais deu fôlego ao mercado de escravos e recebeu cerca de 500 mil negros. Foi sofrendo modificações e reformas até ser aterrado em 1911. Em 2014, a Portela contou em seu enredo a história deste local histórico.

Desfile da Portela contou sobre a vida dos negros a partir da chegada no cai do Valongo no Carnaval de 2014:

 

O Cemitério dos Pretos Novos é a memória da forma indigna e violenta com que os escravos eram tratados. Mesmo os jovens, às vezes, não resistiam às más condições da viagem e morriam pouco depois de desembarcar no Rio. Já o Largo do Depósito, hoje Praça dos Estivadores, era área de venda de escravos. O mercado só foi fechado oficialmente em 1831. O Jardim do Valongo simboliza como a história oficial buscou apagar traços do tráfico negreiro. Ao seu redor, havia casas de engorda e um vasto comércio de itens relacionados à escravidão que voltaram à superfície durante as obras de remodelação do Rio feitas pelo prefeito Pereira Passos no início do século 20.

Foto: Alexandre Macieira | Riotur

Foto: Alexandre Macieira | Riotur

A Pedra do Sal, no século 17, era ponto onde se descarregava o sal trazido de navio. Depois virou ponto de resistência, celebração e encontro dos africanos é e considerado hoje o berço do samba. Foi ali que surgiram os primeiros ranchos carnavalescos, afoxés e rodas de samba. O local ganhou status de patrimônio histórico em 1984 no Dia da Consciência Negra.

Foto: Alexandre Macieira | Riotur

Foto: Alexandre Macieira | Riotur

A antiga escola da Freguesia de Santa Rita, primeiro colégio público da América Latina, virou o Centro Cultural José Bonifácio, ponto de referência da cultura negra.

Esses marcos receberam sinalização oficial de ponto do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana e atenção especial do Programa Porto Maravilha Cultural. O Grupo de Trabalho estabeleceu, além da sinalização, ações para ampliar o conhecimento desta parte da história da Diáspora Africana.

As visitas guiadas são feitas normalmente às terças e quintas-feiras, às 9h ou 14h e precisam ser agendadas. http://portomaravilha.com.br/noticiasdetalhe/4675

O passeio dura cerca de 90 minutos.

 

22 de nov de 2017

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