Como é feito o julgamento das escolas de samba

Toda Quarta-Feira de Cinzas a gente vê aquela cena: na Praça da Apoteose até há pouco dominada por desfilantes e alegorias um monte de mesas, cada uma com seu respectivo guarda-sol e os integrantes das escolas para a apuração. Os nomes dos quesitos são mais ou menos populares, mas você sabe dizer, entre um 10 e outro, o que realmente é avaliado pelos julgadores?

Vamos fazer, em duas partes, uma viagem pelo nove quesitos avaliados para explicar como afinal os 36 jurados dão notas e decretam as campeãs do Carnaval do Rio.

  1. Enredo

Toda a preparação de uma escola de samba começa pela escolha do enredo. É a história que vai ser contada. Os jurados dispõem de um roteiro completo do desfile de cada agremiação, explicando o significado de cada ala e alegoria.

Os julgadores analisam de acordo com dois critérios: concepção – a ideia do tema apresentado – e a realização, ou seja, se a escola conseguiu contar a história de forma interessante, original e bem encadeada atráves de fantasias e alegorias.

Se algo estiver em desacordo com o roteiro, os juízes podem penalizar a escola, como já ocorreu em casos de carros que quebraram na concentração, antes do desfile, e não entraram, prejudicando a narrativa.

  1. Comissão de Frente

Nos últimos tempos, este setor tem se tornado um verdadeiro cartão de visitas, virando uma espécie de show de abertura, o que não agrada a todos os especialistas, porque foge um pouco da tradição.

Os jurados consideram aspectos como criatividade, coordenação e sintonia na exibição, bem como o figurino e indumentária apresentada pelos integrantes da ala que não podem ser menos de 10 nem mais de 15. A nota é formada pela concepção da roupa e pela apresentação, com sincronismo nos movimentos da coreografia.

A apresentação na frente da cabine de jurados é obrigatória. Se algum integrante cair, perder um pedaço da fantasia ou derrubar algum instrumento, a escola pode ser penalizada.

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Comissão de Frente da Mocidade em 2018 – Foto: Gabriel Monteiro | Riotur

  1. Mestre-Sala e Porta-Bandeira

São 30 pontos da escola que dependem de apenas duas pessoas, o 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira, que são os únicos avaliados de duas formas, por suas fantasias e pela dança apresentada.

Para conquistar a pontuação máxima, os dançarinos precisam desenvolver passos precisos e graciosos,  com movimentos próprios do bailado, como os meneios, mesuras, meia-voltas.

Eles também devem respeitar regras como a de jamais darem as costas um ao outro, assim como não deixar o pavilhão da escola enrolar no mastro. Os dois podem ser penalizados caso deixem cair ou percam qualquer elemento de seu figurino, ainda que acidentalmente.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Mangueira 2018 – Foto: Gabriel Monteiro | Riotur

  1. Evolução

Os componentes dançam de acordo com o ritmo da bateria e do samba? A escola passa pelo público com um curso regular, ou tem momentos em que para e depois corre para compensar? Existem “buracos” entre as alas ou elas se misturam? Esses são alguns pontos observados pelos julgadores de Evolução.

O quesito está relacionado à dança e progressão da escola pela Avenida. Por isso, erros como os fatídicos “buracos” podem custar o campeonato. Vale ressaltar que os vazios abertos para apresentação do casal mestre-sala e porta-bandeira ou aqueles que ocorrem com a saída da bateria para o recuo são chamados espaços técnicos e não são penalizados.

20 de mar de 2018

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