O simbolismo e a tradição da ala das baianas O Carnaval é marcado pela irreverência e alegria que toma conta de toda a cidade nas ruas e blocos e também no desfile das escolas de samba, que é cheio de tradições. Dentro do cortejo, os componentes se dividem em alas de acordo com a narrativa do enredo. Algumas no entanto são obrigatórias como a comissão de frente, que abre a escola, a bateria, a velha guarda e aquela que é uma das mais esperadas, a ala das baianas. Foto: Ramon Moreira | Bookers International Em 1933, o prefeito Pedro Ernesto criou através de decreto de lei a ala das baianas nas escolas de samba, em homenagem às “baianas do acarajé” que estavam sempre presentes nas ruas e casas de santo do início do século 20. Vale lembrar que foi na casa de uma delas, Tia Ciata, que o próprio samba carioca teria sido moldado. A ala das baianas homenageia essa tradição carioca. No início do século, o samba era considerado atividade criminosa, mais ou menos como os batidões de funk são hoje. Baianas feito Tia Ciata organizavam festas em seus quintais onde os primeiros sambistas se reuniram em pagodes. Ciata era casada com um policial, o que blindava seu quintal da perseguição das autoridades. As baianas até hoje representam também a força espiritual e religiosa que sempre esteve ligada ao dia a dia das escolas. Com o tempo, as baianas passaram a ser compostas pelas mulheres mais experientes da comunidade da escola. Durante algum tempo ela até foi quesito de julgamento. Mesmo depois de deixar de contar pontos, elas continuam sendo obrigatórias. São as baianas que fazem a tradicional “Lavagem do Sambódromo” que marca o início do pré-carnaval com os ensaios técnicos na Sapucaí. A lavagem acontece com água de cheiro e vassouras feitas com ervas, além das folhas de arruda e incensos. O evento conta ainda com a participação de membros ligados a diversas religiões, que dão as bênçãos a todos com músicas, rezas e orações, além do cortejo com a imagem do padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, São Sebastião.