Pra quem gosta de samba, as quadras das escolas são um prato cheio

As quadras das escolas de samba são espaços que valem ser visitados para se entender o esforço comunitário que representa produzir o desfile a que todos assistimos na Sapucaí no Carnaval. Antes de programar sua visita saiba que existem alguns tipos de eventos diferentes. A programação se intensifica no segundo semestre.

 1. Comida e samba

As escolas têm longa tradição de associar festas a música e comidas tradicionais. O exemplo mais popular são as feijoadas. A pioneira é a Portela, que realiza a sua no primeiro sábado de cada mês e sempre convida uma atração musical. A quadra da escola, em Madureira, fica apinhada pra provar o famoso feijão da Tia Surica. Recentemente passaram por lá Lecy Brandão, Mariene De Castro, Zélia Duncan. Também há feijoadas musicais na Mangueira e na Vila Isabel.

 

 2. Eventos comerciais

A renda arrecadada por uma quadra de escola de samba é revertida para a produção do desfile e para sustentar a própria sede. Desta forma, ela funciona também como casa de shows, na maior parte das vezes localizada em bairros sem outras estruturas do gênero. Assim, as escolas costumam alugar o espaço para shows comerciais, de bandas de pagode, de funk, entre outros. Nestes eventos, não espere encontrar membros das escolas.


3. Eventos culturais da escola

Quando não estão ocupadas com eventos comerciais ou preparatórios para o desfile, as quadras também funcionam como centros culturais. A velha guarda pode fazer uma roda de samba ou se homenageia algum grupo de pessoas com ligação ao enredo. A Portela, mais uma vez, é pioneira neste tipo de ocupação. Sua atividade mais famosa se chama De Asas Abertas. No último sábado, a escola promoveu um encontro entre a carnavalesca Rosa Magalhães e Paulo Carneiro, autor do livro que serviu de inspiração para o enredo de 2018. Isso temperado com roda de samba e homenagens a dois baluartes da velha guarda.


4. Eventos “diplomáticos”

Para chamar público e divulgar seus sambas, as escolas visitam as quadras das outras. Nestes eventos, a escola anfitriã se apresenta com bateria e casal de mestre-sala e porta-bandeira e a escola convidada faz seu show em seguida. E por que diplomática? No mundo do samba, a boa vizinhança é muito valorizada. Nestas festas, há um momento simbólico: quando as porta-bandeiras das duas escolas trocam os estandartes, logo depois de seus presidentes beijarem o da co-irmã. É quase uma cerimônia diplomática. Vale a pena ver. A mais famosa festa é o Salgueiro Convida, que tem agenda durante boa parte do ano.


5. As eliminatórias de samba-enredo

A menos que a escola tenha optado por encomendar seu hino, de julho a outubro, uma vez por semana as quadras são ocupadas pelo concurso de samba-enredo para o carnaval seguinte. Os concorrentes são agrupados em chaves e a cada jornada de apresentações pelo menos um é cortado. As eliminatórias da Beija-Flor ocorrem na quinta ou na sexta, Portela na sexta, Mangueira, Salgueiro, Ilha e Tijuca no sábado, Mocidade sábado ou domingo e Imperatriz domingo ou segunda. As finais começam em setembro e vão até o meio de outubro.


6. Ensaios

A partir de novembro, depois de escolhido o samba-enredo, uma vez por semana a escola se reúne para “amadurecer”o hino. A bateria se ajusta, o coro da escola vai aprendendo a letra e o público pode participar também. Os dias dos “ensaios-show”, que incluem o casal de mestre-sala e porta-bandeira e passistas, são os mesmos do concurso de sambas.

As quadras costumam ser locais seguros, sem risco para o turista. O acesso pode ser feito por trem ou taxi. Não perca a oportunidade de visitar a quadra da sua escola do coração.

17 de jul de 2017

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